A Subvidouro, empresa de aproveitamento de subprodutos vínicos, como borras e bagaços, e destilação de vinhos para aguardentes, com sede em Folgosa do Douro, Armamar, entrou em processo de insolvência em setembro de 2011, perdendo toda a vindima desse ano.
O jurista Miguel Anaya disse à agência Lusa que, entretanto, um grupo de 10 cooperativas durienses juntou-se para recuperar a empresa, tendo apresentado um plano de insolvência que foi aprovado em maio deste ano.
Só que, explicou, para a homologação definitiva do plano por parte do Tribunal de Armamar, têm de ser cumpridas determinadas condições como a criação de uma empresa que vai suceder à atual insolvente.
“Vamos abandonar o modelo cooperativo e passar a ter um modelo empresarial, com uma gestão coerente e eficaz, coisa que não existia”, salientou.
Enquanto se espera pela concretização destas condições aproxima-se mais uma vindima na região demarcada.
Por isso mesmo, os cooperantes diligenciam junto do tribunal, do administrador de insolvência e da comissão de credores, para que permitam a entrega provisória da empresa de forma a que, já em setembro, se proceda à recuperação da abandonada estrutura industrial e à receção dos subprodutos das vindimas deste ano.
“É importante não se perder mais um ano de trabalho e da receção dos produtos”, sublinhou o responsável.
Segundo Miguel Anaya, a decisão final poderá ser tomada no decurso da próxima semana, altura em que vai decorrer uma reunião com o administrador da insolvência e os membros da comissão de credores.
O jurista classificou a atividade da Subvidouro como “essencial para o Douro” e para a “preservação da genuinidade do vinho do Porto”.
“É a única entidade que destila aguardente na Região Demarcada do Douro, é a única que pode garantir a genuinidade do produto”, frisou.
A aguardente vínica é um ingrediente indispensável para a elaboração de vinho do Porto. Cada pipa de 550 litros de generoso pode conter entre 110 a 130 litros de aguardente vínica.
Depois há ainda a questão ambiental. Os pequenos e médios viticultores durienses estão obrigados a entregar o bagaço das uvas para tratamento e, até ao ano passado, era aquela empresa que os acolhia.
“Tudo o que é resto de vindima é ali aproveitado e tratado”, referiu Miguel Anaya.
Para o gerente da Adega de Murça, Mário Artur, “mais do que nunca a reativação da Subvidouro é fundamental para o reequilíbrio e para ajudar a melhorar as receitas dos viticultores durienses, que têm estado em queda nos últimos anos”.
A empresa foi criada nos anos 80 sob o patrocínio da Casa do Douro. Em 2005, o Tribunal de Armamar decretou o processo de insolvência da Subvidouro, mas a empresa entregou, na altura, uma contestação que incluía um parecer estratégico para a recuperação das dívidas.
Foi ainda estabelecida uma parceria com uma das maiores empresas do setor da destilaria a nível nacional, a Sociedade Lusitana de Destilaria, que apresentou a insolvência da empresa no ano passado.