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  • operario de folgosa do douro

    Queda de pedras esmaga operários

    Os três operários trabalhavam durante a manhã de ontem nas obras da barragem de Foz Tua, em Alijó. Quando Carlos Carvalho, Valter Rodrigues e Humberto Tomé, de 41, 53 e 57 anos, regressaram ao trabalho depois do almoço, e após o colega que manuseava uma máquina num patamar superior ter saído, foram surpreendidos por um desprendimento de pedras. Os trabalhadores ainda fugiram, descendo a encosta íngreme e rochosa, mas em vão. Ficaram esmagados entre pedaços de granito. O colega, em choque, estava ontem incontactável.

     

     

    O acidente ocorreu às 13h30, numa altura em que os homens, contratados pela Mota-Engil e pela Somague, não estavam a trabalhar. "Os três foram almoçar enquanto ficou outro a trabalhar na máquina. Quando voltaram, aquele saiu da máquina e um pedregulho soltou-se pouco depois. Ainda saltaram para tentar escapar, mas foram apanhados", lamentou ao CM Artur Cardoso, ex-operário nas obras da barragem.

    Valter, Humberto e Carlos, residentes em Alijó, Armamar e Cabeceiras de Basto, foram esmagados por um maciço pedaço de granito. Quando os bombeiros e as autoridades chegaram ao local, já nada havia a fazer.

    O facto de o acidente ter acontecido num local muito escarpado dificultou a retirada dos cadáveres. "Fizemos tudo com a máxima segurança e cuidado", contou Carlos Silva, comandante operacional distrital de Vila Real.

    A administração da barragem de Foz Tua (A.C.E.), que integra as empresas Mota-Engil Engenharia, Somague e MSF, garante que a equipa "cumpria os regulamentos de segurança".

    "NUNCA TIVE UM ACIDENTE"

    A freguesia de Folgosa do Douro, em Armamar, ficou em choque com a morte de Humberto Tomé, de 57 anos. Na casa do trabalhador, que ontem morreu no desmoronamento de pedras, nas obras da barragem de Foz Tua, o ambiente era de consternação. Humberto deixa viúva e três filhos, um dos quais emigrante na Suíça.

    "Está toda a gente em choque. Em 30 anos de trabalho nunca teve um acidente, e agora morre assim desta forma tão trágica. É injusto", disse ao CM, inconsolável, o genro Vítor Silva.

    Apesar de bastante reservado e recatado, Humberto era bastante respeitado e querido na comunidade. No café La Bamba, onde passava as horas de ócio, ao fim-de-semana, os amigos estavam também chocados. "Era um homem muito pacato, que sofria em silêncio por ter perdido um filho há 15 anos", lembrou ao Correio da Manhã Hugo Silva, de 23 anos, habituado a ver Humberto no café.

    DEIXA VIÚVA E CINCO FILHOS

    Maria Manuela Rodrigues tinha acabado de ser informada da morte trágica do marido, Valter Rodrigues, de 53 anos e não conseguia parar de chorar. Na casa onde viviam, na freguesia de Póvoa, em Alijó, a viúva, de 47 anos, murmurava, sem parar, "deixaste-me sozinha". Valter deixa cinco filhos, com idades entre os 23 e os 30 anos.

    "É uma dor muito grande, como é que vou viver sem o meu homem daqui para a frente?", questionava-se, amargurada, Maria Manuela, enquanto era amparada por duas vizinhas.

    A dor tomou conta da casa onde o casal vivia sozinho, em Póvoa, Alijó, desde que os cinco filhos decidiram escolher a cidade de Lisboa para viver. Valter Rodrigues era pedreiro desde a juventude. Estava a trabalhar na construção da barragem de Foz Tua desde o final do mês de Agosto. "Estava todo satisfeito por estar a trabalhar perto de casa. Não merecia isto", lamentou a mulher, em pranto.

  • REFORMADOS E BEM PAGOS

    (Continua a pouca-vergonha dos reformados milionários do Estado que acumulam pensões com salários privados. Pensões de que beneficiaram, sem terem tempo de serviço capaz nem carreira contributiva que justifique os montantes pagos pela Caixa Geral de Aposentações e a Segurança Social.
    Para quando a fixação universal – para todos sem exceção – da idade de reforma? Para quando o estabelecimento de pensões unificadas com um teto máximo pago pelo Estado? Para quando a cessação automática da pensão, caso se opte por continuar na vida ativa?
    Infelizmente, para o dia de S. Nunca. Pois se os maus exemplos vêm do topo da hierarquia do Estado!)

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    Este é dos assuntos que não me agrada nada trazer à baila, porque sou obrigado a nomear as duas principais figuras da nossa hierarquia de Estado. Mas há que o fazer.
    Trata-se da pouca-vergonha dos “reformados de ouro” deste país, que continuam na vida ativa a acumular reformas.
    O assunto ganhou maior acuidade, com a nomeação de certos senhores e senhoras, para o tal Conselho de Supervisão da EDP, a começar pelo Dr. Catroga. Independentemente que é óbvia esta nomeação como paga pelos seus “prestimosos” serviços ao Governo no acordo com a Troika, o caso Catroga é o seguinte:
    o Dr. Catroga está aposentado com 10.000 euros mensais da Caixa Geral de Aposentações, mas afinal continua a trabalhar e a desempenhar altos cargos. E vai acumular porque os dois cargos, depois da privatização da EDP, não são legalmente incompatíveis para que não possa acumular a reforma com o vencimento de 50.000 mensais que vai usufruir.
    Do mesmo modo, o Dr. Paulo Teixeira Pinto, que se reformou aos 46 anos do BCP, com uma indemnização de 3 milhões de Euros à cabeça, e uma reforma mensal de cerca de 35.000 Euros, e que ainda por cima se reformou por invalidez (!!!!!), também parece que, para o cargo no tal Conselho, já não é “inválido”, e vai acumular à reforma mais uns milhares de Euros.
    E andamos nisto!
    A bandalheira em que caiu a vida publica portuguesa, é revoltante. Estes casos são o pão-nosso de cada dia. Citei estes por serem só os mais recentes.
    Ainda não sei porque carga de água o regime de aposentadoria não é universal em Portugal. Pois se a maioria dos portugueses não se pode reformar antes dos 65 anos, porque é que os políticos o podem fazer quando querem?
    Porque não se estabelece os 65 anos para todos, e até lá não há reforma para ninguém? E porque, chegados aos 65, não se fazem as contas e se estabelece uma pensão unificada, com um plafond máximo? Na Suíça, por exemplo, o máximo que o Estado paga de reforma a quem tiver direito a ela, é de 1.700 Euros)!
    E porque é que, chegados ao 65 anos, e caso se pretenda continuar a trabalhar, não cessa automaticamente o processamento da reforma?
    Ou um indivíduo se reforma, ou não! Porque é que esta gente há de andar a acumular, reforma aqui, reforma ali, e ir juntando tudo no mesmo saco?
    Porquê estes regimes de exceção, e porque é que o “justiceiro” Passos Coelho (assim o entendemos durante a campanha eleitoral), não mete mãos à massa e põe fim a esta roubalheira?
    Afinal, será que há portugueses de primeira, e outros de segunda e terceira?
    É que nem tenham dúvidas!
    Mas tudo isto poderia ser menos triste, se os exemplos que vêm de cima fossem bons exemplos. Mas não são. Querem ver?
    As duas principais figuras da hierarquia do Estado, o Senhor Presidente da República e a Presidente da Assembleia da República, são péssimos exemplos, quer da acumulação de reformas, quer da junção da reforma com outro vencimento.
    O Professor Cavaco Silva, acumula duas pensões, como professor catedrático e do Banco de Portugal, num total de 10.000 Euros / mês, à qual juntou 7.400 Euros da Presidência da República, até que uma lei recente o obrigou a optar por um dos vencimentos, tendo optado pelo maior, evidentemente.
    Do mesmo modo, Assunção Esteves, Presidente da Assembleia da República, reformou-se aos 42 anos (!!!!!!) com 2.300 Euros, que acumulou com 8.200 Euros da Assembleia (vencimento + ajudas de custo), até à mesma altura em que foi obrigada a optar, tendo optado, também, pelo maior.
    A estes maus exemplos, juntam-se as subvenções vitalícias de políticos (subvenções? Vitalícias?) e as reformas com poucos anos de serviço em empresas e instituições públicas sem carreira contributiva que justifique os montantes que recebem.
    É com isto que temos de acabar, a bem da sanidade da nossa vida pública.
    Enquanto se mantiver esta lei que faz dos políticos e seus afins, uma classe que usufrui de regalias que não estão ao alcance dos restantes cidadãos, não existe democracia mas sim o seu aproveitamento por alguns.
    Estamos fartos destes escândalos! Quem manda tem que tomar consciência de que um país não se pode reconstruir com estas desigualdades que nascem no seio do próprio aparelho de Estado.
    Ou se está reformado, ou não. Se querem continuar na vida ativa, continuem. Mas a reforma só aos 65, e se resolverem afastar-se de vez. Mas aqui, coloca-se a questão de que, para muitos, a pensão é muito superior ao vencimento. Outra nódoa no sistema. Porque há reformados “dourados” que estão a enriquecer com as pensões que o Estado lhes paga!

    Por Francisco Gouveia, Eng.º
    (o autor escreve segundo as normas do novo A.O.)
    gouveiafrancisco@hotmail.com

    fonte:dodouro